sexta-feira, 8 de agosto de 2008

MOMENTO DE IRA


Por que escrever agora
Se só ira e ódio me corrompem
E o meu pior tenta se soltar
De correntes a muito, preso
Em masmorras onde trevas
Vivem e não se interrompem.

Quando penso esquecido
Conceitos que quero morto
Uma faca de incompreensão
Rasga meu ventre
E de lá retira um ser torto.

Quando já conseguia
Me ver melhor do que fera
A maldade do amor
Que preso dormia.....se solta
Destruindo a primavera.

Essa ira com patas e garras
Que não tem pés ou mãos
Que quando afaga.. fere
Quando pisa....destrói
Qualquer sonho ou ilusão.

Seus olhos de puro fogo e sangue
Me infundem medo e terror
Pois hora não sei como vencê-lo
Ele olha para mim com desdém
E diz que é meu senhor.

E nesse momento de ira, não o odeio
Por ele até sinto carinho
Como daquele velho amigo
De mil estradas e aventuras
Por feios e distorcidos caminhos.

A ele não me entrego
Mas também não o repudio
Não luto para vencê-lo
Apenas com ele caminho
Por ruas de puro vazio.

Mesmo fera e forte
Sei que se cansa e vai dormir
Ai o carrego no colo com amor
Como a criança travessa
Para mais alguns dias fingir.

Ira, fera má e feroz
Que o mal acabou de parir
Cresceu rápido e sem controle
Mas a lembrança de alguma esperança
O faz manso, com poder de se redimir.

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