quarta-feira, 23 de maio de 2012

Caminhada



Venho de longe
Anos vividos, não apenas existido
Sonhos sonhados
amores amados
caminhos andados....
Neles deixei rastros
em tudo deixei notas musicais
melodias de paz
cantigas de amor
marchas de guerra...
Compor musicas suave
foi sempre um desafio
pois vinham as intempéries
muito vento e muito frio...
agitavam toda  paisagens e a correnteza do meu rio...
Com braçadas fortes e vigorosas
para vencer a força furiosa do rio
machuquei muita gente
simples sobrevivência....
Quando exausto
saia do rio
nem tinha forças para andar
dirá para compor ou sonhar....
mesmo parado deixava rastros...muitos rastros!!
Quando olhava para trás via pegadas
Em algumas eu andava de costas
Em outras caminhava em direções opostas.
Mas de uma coisa me orgulho
Nunca parei  ou deixei obstáculos
Serem muralhas intransponíveis
Apenas removíveis entulhos...
Chutei pedras e padres
Mas nunca perdi a fé no homem
essa fé que ainda me queima e arde...
Muitas mulheres dormiram em minha cama
algumas em lençóis de seda passados com zelo
outras em lençóis de sonhos costurados com linhas invisíveis
poucas em lençóis de pesadelos....
Não esqueci dos meus sonhos... de nenhum deles!
Apenas embrulhei-os em papel de presente
e  guardei embaixo de minha cama
já que não podiam mais dormir  comigo....

Abraço


De repente deu vontade de um abraço
De calor..
Afeto....
Sentimentos em entrelaço
Retidos pelos braços..

De repente me veio a vontade de dizer
Que esse abraço tem dono
Esse afeto, um endereço
É o corpo e a alma de você....

Amor


Frio....vazio....deserto e escuridão
De repente...vida.....luz!... explode um clarão!!
Emerge uma linda aparição de asas esculturais
Crava em minha retina, sua beleza
Como contundentes punhais.

Emergindo de um suave deslumbramento e torpor
Ainda embriagado por tanto encantamento
Ampliado pela visão indefinida
Tudo tinha mais valor, mais vida e mais amor.
O anjo desnuda minha alma, sem pedido ou pudor
Atinge a mim com suas pupilas acesas de inigualável olhar
No mesmo momento conjugo o amor
Que existe no ódio do verbo amar..

Pergunto ao anjo com assombro:
-  Quem és tu deslumbrante aparição??
"Venho das tuas entranhas, sou a luz dos teus sentimentos,
                                                                pedidos da tua razão".
Daquele olhar torno-me vitima, fico refém e preza
Sei que não vou reagir, pois não tenho arma ou defesa.

Desenha-se então no fundo que imagino dourado
Um anjo magnífico... branco e chamas rubras
Formas perfeitas...alado
Pergunto a ele se é homem deus, deusa ou mulher
Responde a mim prontamente:
- Sou apenas o teu amor. Sou maleável na forma
Sou a liberdade da vida..
De a mim, o rosto, a forma...a imagem que quiser..